Samstag, April 29, 2006

TERRORISMO AMERICANO

Mais uma vez a nossa atenção é chamada para o Médio Oriente.
Grita-se aos quatro ventos que o Irão vai fabricar a bomba atómica.
Esgrimem-se palavras, gritam-se ameaças.
Alarmam-se países que serão os futuros alvos e proferem-se ameaças de ataque atómico.
Na televisão vê-se a “madame” Condolleeza Rice proferir as ameaças que o seu “patrão” Bush lhe pôs na boca ao dizerem haver provas que o Irão iria fabricar a bomba.
É certo que a comunidade internacional não deve confiar no presidente do Irão, mas, em Bush, pior……
Também diziam que o Iraque tinha armas de destruição maciça e até agora…….
O que apareceu no Iraque mais pareciam tubos dados ao abandono…
Ou seria o petróleo? O ouro negro.
Ainda bem que não há petróleo no Beato, caso contrario os “serviços secretos” desconfiariam que o zimbório da Basílica da Estrela seria um silo atómico.

Donnerstag, April 27, 2006

APITO DOURADO

No passado 11 de Abril de 2005, o axadresado mostrou-se preocupado com o processo Apito Dourado, sobre esse processo escreveu um manuscrito e publicou-o no seu blog, eis o resumo: "….um processo com 14800 folhas, 368 testemunhas, 198 arguidos, é preocupante.
Mas mais preocupante, é correr o risco dos portadores do guião, começarem a desaparecer pelo caminho “perdidos” nos labirintos das decisões contraditórias da nossa “famosa”justiça.….impressiona e faz temer o pior ou seja que as coisas se arrastem até ás……… águas de bacalhau.
…os suspeitos não prenunciados, raramente conquistam na avaliação das provas o galardão da inocência, porque o que fica é isso mesmo, a insuficiência da prova, ou até mesmo a simples dúvida, que na enciclopédia jurídica opera a favor do réu.Mas 198 arguidos, espelham desde logo, uma rede ilicitudes, de proporções tentaculares cujo, agentes manobrariam a seu talente….”
Não digam que eu não avisei!
Os fumos de corrupção que nos venderam, nem a fumaça chegaram.
Foi tudo um “delírio” e agora os “massacrados” na praça pública vão exigir a devida reparação. Enquanto tivermos pessoas a passarem pela sombra da justiça, temos pessoas acima da lei.
Em Portugal, é o arbítrio e não o árbitro que acaba sempre impune.
Agora foi o Apito dourado, amanhã será
o Casa Pia.
Assim vai a Justiça.

Mittwoch, April 26, 2006

25 de ABRIL

O 25 de Abril, foi um momento histórico e único, daqueles que apenas se vivem uma vez na vida. (não fora o meu caso, nem das colheitas seguintes)
De um momento para o outro, e durante escassas semanas, os portugueses sentiram-se libertos de todas as preocupações, de todas as responsabilidades e de todos os problemas.
De um dia para o outro tudo parecia ser possível, todas as liberdades podiam ser conquistadas, todas as peias podiam ser derrubadas, enfim todos os sonhos pareciam possíveis.
Mas, a festa, como todas as festas, não podia durar sempre.
Rapidamente muitos começaram a perceber que eram eles que iam ter de pagar o pagode dos outros.
O milhão de portugueses espalhados pelas colónias.
Os empresários escorraçados e espoliados, na maioria das vezes injusta e desapiedadamente, do que era seu.
Os que se opunham á degradação, de todas as formas de hierarquia e autoridade.
Os que conseguiam ver com clareza e coragem subtil, e por vezes pouco subtil, estratégia de conquista de poder pelos partidários de uma nova ditadura. Os que conseguiram distinguir claramente entre o 25 de Abril e o 26 de Abril. Em 1974 Portugal era um país onde os jornais apenas podiam publicar noticias que não desagradavam ao Governo.
Onde as pessoas pensavam, diziam e faziam era controlado, vigiado e reprimido pela polícia.
Um país onde as mulheres precisavam de autorização do marido para obter passaporte. Um pais onde se morria de fome e miséria. (se bem que hoje…)
Um país que esgotava os seus recursos numa guerra colonial sem esperança e sem futuro. Um país isolado internacionalmente, sem apoios nem perspectivas, etc. etc.….
Enfim um país engravatado e triste, onde a única condição de sobrevivência era o respeitinho.
Um país fora de tempo.
Ontem muitos se questionavam por causa do Presidente da Republica não ter usado o “celebre” cravo, isso são questões desfocadas.
No 25 de Abril celebra-se o derrube do 24, não o alvorecer do 26.
O que se celebra a 25 de Abril é o derrube da ditadura por um punhado de militares corajosos a quem devemos, independentemente do que se seguiu, homenagem e gratidão e não a chinfrineira do 26.
24 de Abril, NUNCA.
26 de Abril, se todos nós quisermos.
25 de Abril, SEMPRE.
FASCISMO, NUNCA MAIS.

Sonntag, April 23, 2006

CRIANÇAS E JUVENTUDE 2

O nível de uma sociedade mede-se pela forma como são tratadas as suas crianças.
Muitas delas vivem cada vez mais numa realidade imposta, que não escolheram.
Por isso se vêem cada dia atropeladas por problemáticas que não são próprias da sua idade e que não os deixaram ver além disso, que não lhes dão perspectiva de futuro, nem a hipótese de escolherem um futuro.
Uma realidade que os desborda, transborda, a cada dia e não e não permite pesquisar o aprofundamento.
Só um olhar afastado permite a compreensão dos acontecimentos.
Só um esforço colectivo pode promover o protagonismo juvenil, pensar e repensar na própria realidade para nela poder agir como possível interventor do seu momento histórico.

Sonntag, April 16, 2006

CRIANÇAS E JUVENTUDE 1

O país todas as semanas acorda alarmado com noticias chocantes de actos violentos protagonizados por crianças que ainda deviam andar a jogar ás escondidas, mas que se comportam como autênticos bárbaros.
Logo os “espertos do costume” advogam medidas duras, mudanças legislativas, que é para eles aprenderem.
Mas, este tipo de problemas não se resolve com políticas agressivas, mas sim com uma nova cultura de respeito pela infância e juventude.
Estes rapazes não estão a fazer nada de mais que devolver á sociedade a falta de esperança que esta lhes proporcionou.
Estas passagens ao acto não são mais do que desesperadas e vãs tentativas de encher um gigantesco vazio interior, motivados por mãos tratos passados, num processo de identificação ao agressor.
O modelo de protecção das crianças e jovens assentou sempre numa lógica caritativa, onde a igreja assumiu um papel destacado, mas, no entanto, esse modelo está caduco e dado ao erro e ás sua conjecturas conspirativas, hoje é um modelo obsoleto e carece de dignidade.
Em 2000 foi feita uma mudança legislativa, (modelo importado do Canadá) que seria um modelo legal, evoluído e moderno.
No entanto a mudança de paradigma, só se deu ao nível do papel, visto as respostas serem as mesmas.
As pessoas que trabalharam esse modelo estão enfermas da falta de estudo, competência………… para o efeito.
As mentalidades não se mudam por decreto.
Não podemos ter leis do Canadá e respostas da Tanzânia.
É urgente devolver ás crianças a sua fantasia infantil e a esperança de terem uma vida com dignidade.

(continua)

Donnerstag, April 06, 2006

SOLIDÃO

Marcelo gesticulava na televisão.
O café estava cheio e ninguém, aparentemente, está a ouvir o professor.
É domingo, portanto, passam já uns bons minutos das nove da noite.
A meu lado, um homem mastiga solenemente uma bifana.
Junto a si, um copo de cerveja também meio adormecido, um jornal desportivo ainda dobrado a meio e um telemóvel de modelo antigo.
O homem olha em volta.
De repente, pega no telefone, tecla alguns números, espera uns instantes e encosta-o ao ouvido dizendo: Olá boa noite…!
Olhei para outro lado, reparei noutras mesas, tentei perceber os comentários do professor Marcelo, na RTP1, através do movimento dos seus lábios, espreitei a agitação dos funcionários no balcão e regressei ao homem da bifana.
Uns minutos depois, continuava a mastigar lentamente, a sandes com um pedaço de bife e a falar ao telefone.
A conversa era parca em palavras.
Ele ia assentindo com a cabeça e monologava “sins” e “huns” e pouco mais.
Falava e olhava á volta.
Ás vezes, reparava em mim, que era o cliente mais próximo, e quando nos cruzávamos o olhar tornava-se mais expansivo, gesticulava, dizia “hun, hun, pois, pois, estou a compreender” e coisas assim.
E sorria-me, como se eu entendesse a conversa.
Desligou o telemóvel ao fim de quase dez minutos.
Ergueu a mão, e pediu a conta,
Pagou e saiu, dando boas noites em voz alta a qual só eu respondi.
Algum tempo depois, o empregado aproxima-se da sua mesa, limpa as migalhas de pão, as gotas de cerveja e já quase ia embora quando se vira para mim e diz: “Reparou no velhote que aqui esteve?”
Disse que sim e ele acrescenta: “ Sabe? Coitado, vive sozinho e janta sempre a mesma coisa.
Uma bifana e uma cerveja.
Ás vezes pede sopa e um croquete.
Vive sozinho, não tem ninguém.
Não sei se reparou, ele estava para ali a falar ao telefone.
É sempre a mesma coisa.
Ninguém lhe liga.
Aquilo é tudo a fingir.”
De repente, recordei o olhar dele e percebi como era amargo.
A solidão é mesmo uma armadilha.