Mittwoch, Oktober 05, 2005

AUTARQUICAS

Aí está o cartazal!
Em época de eleições está de regresso a velha metáfora, é preciso semear para colher, ou plantar.
Semeiam-se promessas, que ninguém no seu juízo perfeito acredita cumpriveis e plantam-se principalmente cartazes.
Se a plantação de cartazes contasse pela estatística agrícola, certamente que o país sairia da cauda da Europa no sector primário. Mas infelizmente….
Os cartazes autárquicos, dão como fruto palavras de ordem e conceitos repetidos até ao vácuo.
No meio deste cartazal nacional, que nenhum orçamento poderá explicar, é inadmissível os milhões que são gastos com estes folclores. Numa altura em que o país atravessa uma das maiores crises de todos os tempos, onde o orçamento privilegia os partidos políticos a gastarem milhões em folclores.
Apertar o cinto?
Isso é para o Zé-Povinho.
E daqui ergo a pergunta, será que a política é uma coisa séria?
É que no final da campanha, tudo voa, varre-se o chão e tudo o que foi dito, tudo é esquecido.

PRESIDENCIAIS

Há 20 anos Mário Soares convenceu o país de que o caminho era a Europa e que Freitas do Amaral representava o regresso ao fascismo. Ganhou.
Não vale nem sequer a pena lembrar onde está Freitas do Amaral hoje. Desta vez os portugueses acham, melhor, têem a certeza que os problemas do país são outros.
O longo e respeitadíssimo currículo desfiado de Mário Soares desse ninguém duvida.
Mas afinal, o que representa Soares hoje?
Se Fernando Rosas, Carvalho da Silva, Rui Moreira e o pobre bastião padre Melicias cabem todos na mesma sala do Altis, das duas uma, ou o país corre o risco de acabar, ou o povo não percebe patavina. O problema aqui não é a idade, (o homem ainda come e bebe bem) é o tempo.
Fisicamente Soares está bem, politicamente, tem mostrado o contrário, bem ao contrário de há 20 anos atrás.
Nessa altura sabia-se o que tinha feito e o que queria fazer, hoje não. Mas, tem todo o direito em candidatar-se.
Daqui a pouco iremos perceber se foi realmente o povo que o chamou, ou se ele ainda consegue chamar o povo.

Um dia também eu serei candidato!

A DEMAGOGIA

Morreu mãe e cinco filhos num incêndio numa barraca, onde habitavam num bairro degradado, no conselho de Cascais.
Mas foi também e sobretudo, a consequência trágica da indiferença, que impera no campo social.
As promessas repetem-se, mas as obras, não se fazem.
Criam-se projectos que não passam do papel, ou se passam, andam a passo de caracol.
Invertem-se as prioridades ao sabor de interesses imediatos, tantas vezes e tão pouco claros.
Os bairros onde se sobrevive, mais do que se vive, continuam a manchar a paisagem e a política que temos.
Morreram cinco pessoas, entre as quais CINCO CRIANÇAS, não precisavam de ter morrido assim e agora.
A culpa essa, é colectiva e anónima, mas há culpa e devia haver a consciência que a há e o sentido de responsabilidade ao menos para não se perder a memoria e agir e emergir com um dever alienável de cidadania. E se há aqui demagogia, é o mal de se confundir o que se deve dizer, com o que convém dizer.
A demagogia é o escudo da verdade e a desculpa do silêncio.
Por isso, tanta coisa fica por dizer, aí cai-se no extremo quase normal de se aceitar a morte de seis pessoas.
Foi um acidente, um azar lamentável e pronto é normal.
Tudo o que se disser para alem disso, é atirar para o lodo da demagogia. A sociedade em si tem de se deixar de meias tintas e palavras ocas, aquelas pessoas morreram, porque viviam onde viviam, porque viviam á margem da dignidade humana, numa barraca, num bairro degradado, essa é a realidade nua e crua e não se pode comodamente dela fugir