Montag, Mai 16, 2005

DIGNIDADE DE VIDA

Será que o direito á vida vale mais que o exercício desta com dignidade?
Para além do simples direito de existir, que não deve ser negado a ninguém, a melhoria da vida dos outros é um desafio ao nosso próprio crescimento, não só social, mas também intelectual, humano e até físico.
Posso dizer que a alegria de viver existe também nos que vivem em “condições degradantes” porque aí a solidariedade abre sorrisos sinceros e a esperança incute o sentido de vida, algo que não compreende quem não dá livremente e quem não recebe agradecidamente.
A dignidade de uma vida realmente não pode ser avaliada se não se lhe der uma oportunidade para ser iniciada e naturalmente terminada.

Montag, Mai 09, 2005

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Esta semana comemorou-se o dia mundial para a comunicação social.
A compreensão entre os povos é a raiz da paz.
Quisessem e soubessem os homens entender-se, compreender e aceitar as suas diferenças, sem fazer delas armas de arremesso e o mundo seria outro, mais humano, mais solidário, mais próximo de se transformar num alfobro de concórdia e bem-estar.
Não se pode pedir á comunicação social que seja por si só a semente e o adubo desse mundo novo.
Deve porém exigir-se-lhe, que use o seu imenso poder, no desenvolvimento integral da pessoa humana e na promoção das relações de cada indivíduo com o outro e com a comunidade.
Infelizmente no contexto em que hoje se move grande parte da comunicação social, não é capaz de assumir tal responsabilidade.
São inúmeros e poderosos os interesses em que está enredada e é difícil libertar-se se quiser sobreviver. Mas a luta é mesmo essa.
Não se deixar sub-jogar pela ditadura-politica do politicamente correcto, sacudir a poeira das velhas e gastas ideologias.
Fazer da sua intervenção um pólo de esperança, na humanidade.
Estará então a cumprir o princípio ético e fundamental.
A pessoa e comunidade humanas são a finalidade e a medida do uso dos meios de comunicação social.

1 de MAIO

Assim quis o calendário!
Coincidiu este ano o dia do trabalhador com o dia da Mãe.
Tal capricho de calendário, não pode deixar de nos conduzir, á questão da relação entre as mães trabalhadoras e a família, que continua em Portugal a levantar graves problemas.
É verdade que alguma coisa se tem feito neste domínio, não houve aliás, depois do 25 de Abril, governo que não tenha manifestado intenção de proteger a família e a questão das mães trabalhadoras, sobretudo no que diz respeito, no período pós parto, tem conhecido uma evolução positiva.
Mas há ainda muito por fazer, a maioria das mães trabalhadoras continua a não dispor de um mínimo de tempo para a família, não consegue nem pode conseguir nas condições actuais, compatibilizar a vida profissional e a família, acabando por ser esta a mais prejudicada.
As maiores vitimas de todas estas situações, acabam por ser os filhos, que nos primeiros anos de vida, passam mais tempo nas creches e nas amas que com os pais. Isto numa altura de crucial importância, para o seu desenvolvimento, físico e psicológico.
O grande problema tem sido, é, a falta de capacidade e vontade politica de governantes e legisladores, para encontrar soluções viáveis, e concretas.
Se se quer defender a família, na sua estrutura e no seu crescimento, há que encontrar para as mães trabalhadoras, com imaginação e realismo, formulas e meios que tornem possível esse objectivo essencial.
Há exemplos por essa Europa fora, que podem servir de ponto de partida.
Não há nada para descobrir.
Mas é preciso crer, para poder.

25 de ABRIL 2

Afinal para que nos serve a liberdade, se não formos livres por dentro?
Cada um carrega a chave da sua liberdade.
Cada ser humano é escravo de si mesmo e deve encontrar a chave que o liberta do seu universo fechado para abraçar o mundo.
E isto é que é aprender a ser livre.
Porque quem não se sente livre tem medo e o medo é uma força destruidora e brutal. Como pode a sociedade portuguesa mudar este defeito que os tolhe? De varias formas: aceitando a diferença, dialogando, respeitando a opinião dos outros porque isso lhes pode ensinar a aceitar as nossas, cultivando a sinceridade e o dialogo.
Sem medo do que possam pensar ou dizer de nós.
Sem medo de sermos julgados.
A liberdade começa dentro de cada indivíduo e só faz sentido numa sociedade se a cultivarmos, acreditando nela.
Aprender a ser livre pode ser difícil.
Mas vivemos numa democracia estável, por isso temos a obrigação de a respeitar, usando-a da melhor forma.
E para mim, a liberdade só tem um limite, quando interfere com a liberdade do próximo.

25 de ABRIL

O objectivo fundamental do 25 de Abril, não foi exactamente, montar, no terreiro do paço, perante uma Lisboa rubra de entusiasmo, um tribunal “en rond”. O objectivo fundamental do 25 de Abril foi recomeçar a história de Portugal. O 25 de Abril não foi uma carreira de tiro.
O 25 de Abril foi o repovoamento da Forças Armadas.
Ou seja o repovoamento da nossa historia.
Acontece é que, para o 25 de Abril manter a clareza, da sua dinâmica, importa que a politica seja feita, por políticos, empenhados, responsáveis, com visão de futuro que ponham os interesses do Pais em primeiro lugar e não os seus como vem acontecendo.
Isto é, o tomar, da cor vigente, a cor.
Por calculo. Ou por instinto.
Por manobra. Ou por tique sociológico.
Para quem nasceu há menos de trinta anos, o 25 de Abril de 1974, é apenas um episódio, da história recente de Portugal.
A maior herança do 25 de Abril para mim, foi a liberdade.
Mas a liberdade também se aprende, demora tempo.
Mais de trinta anos depois, os portugueses continuam a sentir-se pouco livres. Há um constrangimento na mentalidade nacional, um medo instituído em muitas pessoas de não dizerem o que pensam, quase como se fosse genético. Os portugueses dizem mais vezes que talvez do que sim e receiam estupidamente usar a palavra não.
Dizem pelas costas o que não conseguem dizer na cara.
E na dúvida, não dizem nada.
Preferem a hipocrisia ao confronto e meias palavras á sinceridade.
A frontalidade também é um hábito, ou se treina desde muito novo, ou dificilmente se adquire. Mas também pode ser um traço de carácter que nasce connosco e sobrevive a qualquer tipo de opressão.
Mesmo assim, o acto consciente, ou inconsciente de se dizer o que se pensa, é ainda visto como um exotismo, uma peculiaridade, uma excentricidade.